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segunda-feira, fevereiro 27, 2006
dia 23 foi aniversário da mamãe. achei essa foto no fotolog da aninha e não resisti. tão bonita... =õ)
novo ânimo. já estou bem sem o namorado (que agora é um amigo muito querido) e, acreditem, peguei emprestado com ele um pocket-trumpet para aprender a tocar ou, o que é mais provável, usar nas horas vagas para desestressar. não é legal? também tenho tido vontade de andar de patins, há pros lados de belém ciclovias e essas coisas e dá vontade de ir lá no fim-de-semana andar e ficar bem. preparem-se que vem aí um gênio da música e ás da patinação...
tinha (e tou tendo) reunião de um dos filmes hoje, já que na sexta-feira temos já que começar a gravar a primeira maquete. por esse motivo, não dava pra fazer nada prolongado de carnaval (e também porque não dava pra gastar dinheiro e porque eu nem tinha planos). vlad e paula foram pro algarve, fábio e érica tão em paris ou londres, bernardo ia para o porto e depois também trabalhava... paulo me convidou pra passar o fim-de-semana na casa dele em marinha grande e foi ótimo, tava tão estressada e gripada na sexta-feira, precisava descansar. descansei, estudei, tomei cerveja e muita coisa. conheci inclusive figueira da foz, cidade de praia onde o pai do paulo nasceu e que todo mundo dizia pra eu conhecer que era muito bonita. e é, de fato. andamos pra lá e pra cá, vi o mar e o rio, fomos até o quebra-mar, vimos muita gente. lá em figueira da foz tem um carnaval meio acariocado, com carros alegóricos e puxadores de samba-enredo, essas coisas. claro que em proporções menores, mas foi bom ver aquele bando de gente nas ruas e ouvir qualquer coisa que lembra carnaval (mesmo que não o carnaval que costuma ser o meu carnaval). agora estou de volta a lisboa e amanhã sim é o feriado. hoje deve rolar bairro alto. estou sozinha em casa mas espero ter companhia pra sair à noite e fazer qualquer coisa pra não dizer que não pulei carnaval.
sábado, fevereiro 25, 2006
"queria saber poesia". li isso no fotolog do marlon e disse a ele que o verbo saber aqui em portugal tem também um sentido que a gente não usa aí no brasil, que é o de "ter sabor". belo uso, não? uma das coisas mais bonitas que ouvi aqui, uma das que mais gosto. sabe bem.
ganhei um presente muito fofo. o dvd de buffalo66. coisa mais linda do mundo, né? =õ))))
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
falta foto do bernardo, né? pois é, é que ele é fofo mas nunca tá em casa. qualquer dia aparece aqui, gente boa.
rosa (nossa possível atriz para o papel da garota de 12 anos), eu, diana (diretora de som e colaboradora no roteiro) e flávia (roteirista e diretora de fotografia, além de brasileira - mas veio pra cá cedinho e tem sotaque português). muita gira, né?
terça-feira, fevereiro 21, 2006
fábio (que mora comigo) e érica (a namorada que veio passar uns tempos) na casa de banho lá de casa. na porta, cartaz de uma feira de exposição de burricos a que os meninos foram. o bernardo queria dar não sei quantos euros (acho que 40) em prol da causa dos burricos, tendo sido impedido pelos meninos de cometer tal loucura.
eu, paula (namorada do vlad, também veio pra passar uns tempos) e vlad felizes da vida em cascais, com as calças dobradas, pés na areia e sol na cuca. e pouca roupa como não usávamos desde outubro.
paula e vlad tomam pequeno almoço romântico em casa, perto da nossa amada janela...
... a mais que conhecida com vista para o tejo, então vai aí uma foto nova tirada pelo vlad com a máquina digital da mãe dele. agora não tem mais kart nem parque de diversões nem pagode naquele terrenão lá embaixo, então temos tido dias de paz sonora.
como se pode notar, sou eu com cara de babaca lá em casa, na cozinha. ao lado tem o nosso muralzinho de recados onde penduramos tudo que é tipo de coisa, desde a sempre presente programação da cinemateca (em vermelho) até calendários e um simpático postalzinho de uma vaca vestida de harry potter, incluindo cartões de natal e bilhetes dos nossos hóspedes. acho que dá pra ver o corredor e até mesmo a porta da sala (que nunca usamos, porque preferimos ficar vendo o rio da cozinha) lá no fundo.
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
prova de realização I: compare o fim de unforgiven com o fim de the good, the bad and the ugly. pergunto eu ao professor: sob qual aspecto? responde ele: todos. trabalho de realização I: levantamento de todas as cenas, seqüências e actos de unforgiven. explicitar os beats (mudanças e perguntas) de cada cena. escrever um texto falando do problema dramático, relação entre personagens, coda, prólogo etc. levantamento dos diferentes temas (visuais, sonoros etc.) presentes no filme.
(sem motivos de preocupação, porém, em relação à gripe. hoje já estou melhorzinha).
fim-de-semana passado tivemos mesmo a feijoada e foi muuito legal, estava muito boa e papeamos o dia inteiro enquanto bebíamos caipirinha. no domingo fui finalmente a cascais, praia que é pertinho e à qual eu nunca tinha ido. fui com o padrasto do vlad, o vlad e a namorada dele, paula. a mãe não foi porque estava resfriada. é lindo, foi muito bom conhecer lá porque é um ótimo programa pra o fim-de-semana. é barato (o comboio até lá custa 1,50), perto (meia hora) e bom pra desestressar. ficamos logo felizes ao chegar e fomos levantando as calças e tirando os calçados pra pisar a areia da praia, molhar os pés. o ricardo disse: "e eu que te zoei quando você cogitou trazer biquini, hein?". foi o dia mais quente que fez este ano, a gente de camiseta, doido pra dar um tchibum (mesmo com a água gelada, parecia cabo-frio no inverno). andamos pra caramba, fomos à boca do inferno, que é linda. a água sempre batendo numas pedras à beira da praia formou umas coisas muito bonitas, uns buracos nas rochas e tal. tiramos fotos e o ricardo ficou de me enviar por email lá do brasil (eles já se foram), então isso deve dar pra mostrar. na volta, paramos por belém para almoçar e comprar pastéis. eu também ainda não conhecia lá, por incrível que pareça, e adorei. grandes áreas abertas, parques, gente, centro cultural de belém (a partir de hoje, mostra da frida kahlo, então volto lá em breve), mosteiro dos jerônimos, padrão dos descobrimentos e os famosos pastéis de belém, é claro. são deliciosos. pra terem idéia, havia fila fora da padaria para comprar os tais tradicionais pastéis de nata mais famosos de portugal. entramos na fila e, claro, valeu a pena. então, semana ensolarada, dias mais quentinhos e uma gripe. é claro que eu tava estranhando até agora não ter ficado doente, desacostumada como sou com o frio. mas agora já "percebi" tudo: o frio é OK, o calor é que me desequilibra. mas eu que nasci com samba e vivo no sereno tocando a noite inteira a velha batucada enquanto houver brasil na hora das comidas eu sou do camarão ensopadinho com chuchu, viram?
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
"natália gostamos muito das fotos do natal que enviaste-nos. foi muito bom te receber em nossa casa. és uma rapariga muito bonita e muito simpática. esperamos que volte logo. nossos pais e nossos avós também enviam beijos. beijos, alexandra e pedro miguel". (carta transcrita da memória)
fim-de-semana passado só música de corno: carne de porco à alentejana comida ao som de fado, imperial ao som de tango. e a crença de que é possível aprender a dançar tango, acreditem. deu vontadezinha.
quanto ao cinema comercial, vi odete e gostei. não é um fantasma, mas gostei. fico tanto tempo sem escrever aqui que me esqueço das coisas. mas me lembro que vi munique. granda filme! poderia escrever um grande texto aqui expondo por que eu gostei tanto do novo filme do spielberg e talvez faça isso, já que as coisas raramente me parecem tão claras, mas não hoje que eu já tou pendurada no computador da biblioteca. mas digo já que fiquei sempre dividida como as personagens entre o atirar (raios, é um filme, atire!) e o não atirar (e se tivesse sido diferente ou não é um filme, aconteceu) e acho isso muito bom. fui ver com o bernardo que mora comigo e depois tinha combinado de tomar uma cerveja. saímos, eu e ele, enjoados do filme e melancólicos e a cerveja foi adiada indefinidamente. granda filme, torço pra que ganhe coisas no oscar. brokeback mountain estreou ontem e vou tentar ver hoje. ainda não fui ver também a cópia do leopardo que estreou semana passada. talvez este fim-de-semana, quando devo enfim ter um tempinho (apesar do trabalho de realização pra fazer e as reuniões). amanhã também teremos uma feijoada lá em casa. é que a mãe e o padrasto do vlad chegaram esta semana e trouxeram feijão e coisas pra feijoada e compraram uma panela e etc. e vão cozinhar pra a gente e pra os nossos amigos que aparecerem, em especial os que nos acolheram na nossa chegada a lisboa, a quem somos muito agradecidos. a namorada do vlad também chega hoje (acho que já deve ter chegado) e ele estava muito ansioso. bem, acho que vai ser legal. temos tido pouco tempo pra conviver e papear. e, oba, feijão!
o trabalho anterior de montagem foi sobre o the river do renoir e o de análise de filmes I foi sobre o out of the past ("o arrependido") do jacques tourneur. o de realização é pra entregar na quarta-feira, no dia do teste, e é, claro, sobre o "imperdoável" do clint eastwood. tá tendo uma mostra do cronenberg na cinemateca e é uma pena eu não ter tido tempo pra ir, perdi os primeiros filmes que nem sei se repetem (acho que já repetiram). só fui ver o naked lunch que eu já tinha visto, mas foi giro mesmo assim. parêntesis: o andré, nosso amigo aqui, sempre me zoa com os nomes dos filmes em "brasileiro" (pra eles, a gente não fala português). quando eu disse que o naked lunch se chamava mistérios e paixões aí ele morreu de rir! lógico. aqui se chama "o festim nu", bem melhor. outro dia tentei lembrar o nome de trouble every day da claire denis e não consegui, de tão mau que é o título no brasil... o andré deve tar se vingando dos emails que sacaneiam os títulos dos filmes em portugal, lembram? é claro que psicose não se chama "o filho que era mãe" aqui (é apenas "psico"), mas podem acreditar que vertigo se chama "a mulher que viveu duas vezes". hehehehehe. eu me poco de rir quando o andré comenta de algum filme e invariavelmente arruma um título pra ele no brasil, que é sempre algo vago e poético. sei lá, se estamos falando de o fiel jardineiro, por exemplo (aqui o fiel vem antes do jardineiro), ele fala algo como: "aquele filme que no brasil se chama 'amor e traição', sabes?". me mijo de rir. piadinha inacabável e sempre sempre muito boa. voltando ao cronenberg, ainda tá meio no começo da mostra e talvez dê pra ver mais coisas. mês que vem começa uma integral pasolini. imaginem. aos sábados tem uma coisa que eles chamam "memória permanente do cinema" em que eles só passam grandes clássicos. é bom pra ver coisas grandiosas ou não e sempre muito boas. o homem com a câmera "de filmar", por exemplo, passa amanhã, acho. ou no sábado que vem. morri de rir e de curiosidade quando vi que mês que vem também começa na cinemateca uma mostra entitulada "filmes longos". critério esquisitíssimo pra fazer uma mostra, mas imaginem! oportunidade quase única pra ver aquelas coisas longuíssimas que todo mundo acha uma seca do caraças e que nunca passam em lugar nenhum. eureka, será? hum...
hoje tive prova de montagem. sobre o raging bull do scorcese (touro "enraivecido"). fixe, pá. escrevi como o caraças.
aliás, já que toquei no assunto: se vocês fossem uma garotinha de 12 anos apaixonada por um garoto de 14 quem nem sabe quem você é, o que te faria declarar seu amor por ele e escrever uma cartinha?
tou sumida, mas tá tudo bem. fui convidada a ser assistente de "realização" num dos filmes da nossa turma, o que é bom e tem me deixado cheia de trabalho. vocês não imaginam a diferença no processo que vai da aprovação dos projetos até as filmagens. bem, antes da aprovação dos projetos eu já disse mais ou menos. quando o filme é enfim aprovado (foram aprovados 3 de um total de 12 projetos apresentados por triângulos compostos por produtor, "realizador" e "argumentista"), continuam as reuniões semanais do grupo (ao qual se juntam novas pessoas) com o professor de seminário de produção de filmes (que também é o professor de realização I e III). nessas reuniões ele e mais os alunos que queiram participar da aula (seja pra dar pitacos ou só pra assinar a lista) começam a problematizar o roteiro. o objetivo é o seguinte: construir a lista de "beats" (uma unidade dramática, seja lá o que for isso) do filme inteiro, cena a cena, e fazer a planificação. já está na terceira ou quarta semana depois da aprovação do filme e eu vos digo: ainda não terminamos nem os beats da primeira cena, imaginem o resto do filme e a planificação. isso é cansativo e às vezes acho que as reuniões se perdem em assuntos que não têm a ver com o filme (no fim da reunião passada os alunos e o professor estavam discutindo se a heroína do nosso filme tiraria ou não fotos com o telemóvel, sendo que ao começo da reunião tínhamos deixado claro que aquilo se passaria na década de 90...), mas acho que esse acompanhamento também tem um lado muito benéfico. aquelas pequenas coisinhas do roteiro que a gente acha que passam e não passam mesmo, pro espectador. no final da primeira cena, a esmeralda (a protagonista, uma garotinha de 12 anos) ficava esperançosa porque o carlos alberto, por quem é apaixonada, tinha sorrido pra ela. o que a gente queria é que isso fosse algo que a impelisse a escrever uma cartinha pra ele dizendo que está apaixonada, que fosse uma espécie de encorajamento. quem raios entendeu que ele sairia dali motivada a fazer alguma coisa por ele? nem uma alma viva. raios, é tão fácil escrever que ela sai "motivada", mas como traduzir em imagens? difícil pra caramba. então, ou se muda o beat ou se acha um modo de mostrar isso. todo mundo tenta ajudar, às vezes contam suas experiências pessoais e tal. é difícil fazer um filme! então, num mundo perfeito é maravilhoso é possível que esse roteiro tomasse algum dia uma forma que algumas pessoas poderiam chamar de fechada. pois então, quando esse dia fictício chega, os grupos (nós) vão para a etapa das maquetes. o vlad morreu de rir quando soube disso achando que nós nos poríamos a fazer casinhas em miniatura, mas não é nada disso! as maquetes são experimentos em vídeo do filme, antes de filmar a sério. hahaha. tudo decupado, vamos fazer o trabalho todo em vídeo (alguns grupos querem fazer 2 maquetes) antes de filmar em película. que trabalheira, sô! é claro que depois dessa etapa todos (principalmente o professor) vão querer mudar muita coisa novamente e um dia, quem sabe, teremos enfim as filmagens. de um filme que nunca passará em lugar nenhum, porque eles não enviam os filmes pra nenhum festival (não passam nem pros amigos!). e porque a cópia final em película não existirá, já que eles filmam em super16 ("por motivos didáticos relativos à turma de fotografia") e não em 16mm.! por mais desencorajador que isso possa parecer, é só essa parte final do desânimo dos alunos em mudar essa situação que me aborrece um pouco. fora isso, estou empolgada. e acho mesmo que o acompanhamento incansável do professor de realização e as incessantes reescritas do roteiro podem fazer bem. pelo menos como experiência.
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
(vi uma foto do godard e do jean-pierre gorin já velhos conversando. então eles se falam?).
uma mulher grávida vem por um caminho de terra e encontra glauber rocha parado numa encruzilhada, com os braços abertos. ela diz a ele: "desculpe atrapalhar a luta de classes, mas você pode me indicar o caminho do cinema político?". ele aponta para um dos lados e diz: "para lá fica o cinema do terceiro mundo. é um cinema perigoso, divino e maravilhoso". ela dá uns passos em direção ao cinema do terceiro mundo, mas titubeia e continua no seu caminho rumo ao cinema de primeiro mundo.
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