tou sumida, mas tá tudo bem.
fui convidada a ser assistente de "realização" num dos filmes da nossa turma, o que é bom e tem me deixado cheia de trabalho. vocês não imaginam a diferença no processo que vai da aprovação dos projetos até as filmagens. bem, antes da aprovação dos projetos eu já disse mais ou menos. quando o filme é enfim aprovado (foram aprovados 3 de um total de 12 projetos apresentados por triângulos compostos por produtor, "realizador" e "argumentista"), continuam as reuniões semanais do grupo (ao qual se juntam novas pessoas) com o professor de seminário de produção de filmes (que também é o professor de realização I e III). nessas reuniões ele e mais os alunos que queiram participar da aula (seja pra dar pitacos ou só pra assinar a lista) começam a problematizar o roteiro. o objetivo é o seguinte: construir a lista de "beats" (uma unidade dramática, seja lá o que for isso) do filme inteiro, cena a cena, e fazer a planificação. já está na terceira ou quarta semana depois da aprovação do filme e eu vos digo: ainda não terminamos nem os beats da primeira cena, imaginem o resto do filme e a planificação. isso é cansativo e às vezes acho que as reuniões se perdem em assuntos que não têm a ver com o filme (no fim da reunião passada os alunos e o professor estavam discutindo se a heroína do nosso filme tiraria ou não fotos com o telemóvel, sendo que ao começo da reunião tínhamos deixado claro que aquilo se passaria na década de 90...), mas acho que esse acompanhamento também tem um lado muito benéfico. aquelas pequenas coisinhas do roteiro que a gente acha que passam e não passam mesmo, pro espectador. no final da primeira cena, a esmeralda (a protagonista, uma garotinha de 12 anos) ficava esperançosa porque o carlos alberto, por quem é apaixonada, tinha sorrido pra ela. o que a gente queria é que isso fosse algo que a impelisse a escrever uma cartinha pra ele dizendo que está apaixonada, que fosse uma espécie de encorajamento. quem raios entendeu que ele sairia dali motivada a fazer alguma coisa por ele? nem uma alma viva. raios, é tão fácil escrever que ela sai "motivada", mas como traduzir em imagens? difícil pra caramba. então, ou se muda o beat ou se acha um modo de mostrar isso. todo mundo tenta ajudar, às vezes contam suas experiências pessoais e tal. é difícil fazer um filme!
então, num mundo perfeito é maravilhoso é possível que esse roteiro tomasse algum dia uma forma que algumas pessoas poderiam chamar de fechada. pois então, quando esse dia fictício chega, os grupos (nós) vão para a etapa das maquetes. o vlad morreu de rir quando soube disso achando que nós nos poríamos a fazer casinhas em miniatura, mas não é nada disso! as maquetes são experimentos em vídeo do filme, antes de filmar a sério. hahaha. tudo decupado, vamos fazer o trabalho todo em vídeo (alguns grupos querem fazer 2 maquetes) antes de filmar em película. que trabalheira, sô! é claro que depois dessa etapa todos (principalmente o professor) vão querer mudar muita coisa novamente e um dia, quem sabe, teremos enfim as filmagens. de um filme que nunca passará em lugar nenhum, porque eles não enviam os filmes pra nenhum festival (não passam nem pros amigos!). e porque a cópia final em película não existirá, já que eles filmam em super16 ("por motivos didáticos relativos à turma de fotografia") e não em 16mm.!
por mais desencorajador que isso possa parecer, é só essa parte final do desânimo dos alunos em mudar essa situação que me aborrece um pouco. fora isso, estou empolgada. e acho mesmo que o acompanhamento incansável do professor de realização e as incessantes reescritas do roteiro podem fazer bem. pelo menos como experiência.